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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 622-1

622-1

MICROPLÁSTICOS EM AREIA DE PRAIAS COMO HOTSPOTS PARA GENES DE RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS E BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS

Autores:
Emily Amorim Magalhães (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Pedro Henrique Ferreira Pereira (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Hugo Emiliano de Jesus (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Abílio Soares Gomes (UFF - Universidade Federal Fluminense) ; Henrique Fragoso dos Santos (UFF - Universidade Federal Fluminense)

Resumo:
Quantidades maciças de microplásticos (partículas ≤ 5 mm) são transportadas diariamente dos oceanos e rios para as praias. A 'plastisfera' oceânica (biofilme desenvolvido nos plásticos) é um ponto crítico e um vetor para genes de resistência a antibióticos (ARGs) e bactérias potencialmente patogênicas. No entanto, pouco se sabe sobre a plastisfera na areia da praia. A ocorrência de bactérias resistentes a antimicrobianos, particularmente em áreas de contato primário com a população humana, precisa ser melhor compreendida, pois a resistência antimicrobiana tornou-se um dos principais problemas ambientais e de saúde da atualidade. Este é o primeiro estudo a avaliar o resistoma antimicrobiano da plastisfera de areia da praia. Assim, para descrever se os microplásticos da areia da praia representam um risco para a saúde humana devido possível patogenicidade e transmissão de ARGs, foram avaliados o bacterioma, abundância de ARGs e bactérias potencialmente patogênicas. Esses critérios foram avaliados em microplásticos e areia, na linha de deriva e zona supralitoral de quatro praias com diferentes classificações de qualidade da água. O bacterioma foi avaliado por sequenciamento do gene 16S rRNA, e os ARGs e as abundâncias bacterianas foram avaliadas por PCR em tempo real de alto rendimento. Os resultados indicaram que microplásticos abrigam uma comunidade bacteriana mais abundante e distinta do que a areia da praia, bem como uma maior abundância de potenciais patógenos humanos e marinhos, especialmente os microplásticos mais próximos da água do mar. Dos 50 táxons mais abundantes encontrados nas nossas amostras, 10 estão inseridos na família Flavobacteriacea, uma família já descrita com grande associação a patologias e ARGs. Nossos resultados mostram que microplásticos abrigam um maior número de ARGs e possuem maior abundância desses genes. Todas as classes de antimicrobianos avaliadas estiveram presentes nas amostras de microplásticos. 16 ARGs encontrados nos microplásticos estiveram ausentes na areia da praia, incluindo genes relacionados à resistência a múltiplas drogas (MDR) e blaKPC, gene de alto risco à saúde humana. Na areia, no entanto, foram encontradas os genes aac3-VI e aac(6’)l1 (aminoglicosideos), sul1 e sul2 (sulfonamida), vanA (vancomicina), mphA (MLSB), mcr1 (macrolideos), e blaSHV (Beta lactâmico). Inserida no grupo dos macrolídeos está a azitromicina, um antimicrobiano que foi amplamente utilizado pela população brasileira no ano de 2020 como tentativa de combater a COVID-19. Os genes sul1, sul2, vanA, mphA, e mcr1 apresentaram maior abundância relativa ao gene 16S rRNA na areia, e o gene blaSHV demonstrou ser exclusivo nesta mesma amostra. Por fim, microplástico abrigaram uma comunidade bacteriana e ARGs semelhantes, independentemente do local de coleta e da qualidade da água da praia. Esses resultados indicam microplásticos como grandes hotspots para patógenos e ARGs, mesmo em praias com boa qualidade da água, representando assim riscos à saúde humana. Esses microplásticos precisam de atenção pois na areia das praias a população humana entra em contato direto com esses microplásticos, aumentando as chances de contrair infecções por bactérias patogênicas e/ou multirresistentes, as quais são mais difíceis de serem combatidas. Financiamento: CAPES; Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA) – Prefeitura de Niterói.

Palavras-chave:
 Areia, Microplástico, Plastisfera, Resistoma, Superbacterias


Agência de fomento:
CAPES